segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Turma da Mônica Jovem, ou "Como estragar uma boa idéia"


Sim, eu li os volumes zero e um da Turma da Mônica Jovem, e é claro que não poderia deixar de postar um review.

Ok, então é de conhecimento geral que Maurício de Sousa procura sempre se manter em sintonia com os leitores e tudo mais, e não é de hoje que muitos fãs pedem para ver a turma mais crescidinha. Então não é de se esperar que algo como a "Turma da Mônica Jovem" já tivesse sido lançado? Nas palavras do nosso sábio amigo molho: "Numa entrevista que fizeram com Maurício, perguntaram por que ele mudou para a editora Panini. Ele respondeu que a Panini dava mais liberdade para seus projetos". Mais alguma dúvida? Antes não valia a pena arriscar a credibilidade com um projeto duvidoso. Depois a editora segurava o "excesso de criatividade" do Maurício. Finalmente com o bolso cheio da grana, a Turma da Mônica irreparavelmente firmada na cultura brasileira e essa onda de mangás se espalhando, Maurício de Sousa tratou de arranjar uma editora que fosse mais "aberta" às suas idéias e nos presenteou com a Turma da Mônica Jovem, em estilo mangá. Resta saber se este é ou não um presente de grego.

O volume zero é composto de 6 páginas de história, efetivamente falando, e mostra a Mônica "narrando" (escrevendo em seu diário virtual) as mudanças que ocorreram com a turma. É muito básico e tem a intenção de apresentar este novo universo ao leitor. O estilo tenta lembrar algo parecido com mangá, e falha miseravelmente. As únicas diferenças deste estilo para o estilo original são:
- Preto e Branco (Estão economizando na tinta, nada de mais)
- Roupas mais estilizadas (E meio exageradas. Cebola e Cascão lembram muito Marty MCFly)
- Olhos tem um certo reflexo. (Mais economia de tinta. Os olhos agora são metade brancos)
Fora isso, não se tira muita informação daqui.

O volume um. Ah, o volume um. Este se parece um pouco mais com mangá, devido aos superdeformers e toda aquela forçação de barra. É dividido em três histórias, uma continuação da outra. A primeira é relativamente boa. As outras duas não tem a mesma sorte.

Começa num dia comum, com a turma acordando e se preparando para a aula. Um pouco de interação familiar. Um pouco (muito) forçado em alguns pontos, mas ainda assim tudo bem. Destaque especial pra Maria Cebolinha. Segue com a turma se encontrando e indo para a aula. Fim da primeira história. Se você está lendo o gibi, PARE AGORA MESMO! NÃO CONTINUE! Fique por isso mesmo e vá ler um pouco das histórias originais. Recomendo aquela "Em Busca do Nariz de Isabelle" ou "O Concurso de Presépios de Natal".

Ok, você decidiu continuar, e eu não vou dizer que avisei você.

Neste momento eu preciso fazer um comentário pessoal. Turma da Mônica Jovem? Só se for na idade da turminha, por que a história, meu amigo... Eu consigo imaginar o porquê de "Jovem". Eles provavelmente precisavam testar uns roteiristas estagiários e, devido à faixa etária deles, deixaram a versão mangá (que tinha que ser algo "super descolado" mesmo) a cargo dos manés. Daí o nome "Turma da Mônica Jovem". É a Turma da Mônica feita por um bando de jovens estagiários, cheios de idéias "super originais". Deve ser algo parecido com o que a DC Comics e a Marvel um dia fizeram. Precisa testar estagiários? Crie um universo alternativo.

Ok, comentário feito, a história número dois. Começa mostrando o "Franja" trabalhando no museu. "Artefatos místicos", precisa falar mais? Também mostra o Anjinho, que agora é chamado de... Preparem-se... CÉUBOY! Sim, isso mesmo. Maurício de Sousa vai receber algumas cartinhas bem educadas. Aparece o Capitão Feio, agora conhecido como "Poeira Negra". O nome é estiloso, mas onde ele aprendeu magia oriental? E desse ponto em diante fica ainda mais forçada a relação com o oriente. Destaque para o Louco, como professor da turma. Essa sim, foi uma sacada genial.

História três. Aparece a grande vilã. A turma entra em ação, e... Pais? Ahn? Reencarnação? Katanas? WTF!!! LIXOLIXOLIXOLIXO. De qualquer modo, não há briga. Não se sabe por que cargas d'água os pais da turminha são aprisionados (ao invés de eliminados) e a turminha é mandada para resgatar os 4 artefatos que podem salvar o dia, escondidos em 4 diferentes dimensões. Cena tão piegas que até a vilã comenta. Tantas falhas de lógica básica neste momento, que eu nem consigo fazer comentários específicos. Acaba assim, com a turminha entrando num portal pra outra dimensão. Destaque pra Magali perguntando "é CG?".

Na minha nada humilde opinião (porque humildade é coisa de pobre), a Turma da Mônica Jovem é algo que tinha tudo pra dar certo, se fosse colocado de modo mais realista, pelo menos no começo. Mas resolveram partir direto pro "fantasia tosca infantilóide". Uma pena. A menos que isso mude, e rápido, a Turma da Mônica Jovem será mais uma idéia com grande potencial jogada no lixo.

Pra finalizar, eu poderia fazer um milhão de comentários, todos muito cínicos e coisa e tals... mas está fácil demais. Sobre estes dois volumes que agora contemplo, eu prefiro me manter calado. Porque depois de duas páginas, é mais fácil se manter calado.

...
Eu avisei.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

SOJA - A História Não É Bem Assim

Texto estraido do site: http://www.treinohardcore.com


Hoje em dia existe uma verdadeira febre de consumo de soja. Propagada como um alimento rico em proteínas, baixo em calorias, carboidratos e gorduras, sem colesterol, rico em vitaminas, de fácil digestão, um ingrediente saboroso e versátil na culinária, a soja, na verdade é mais um "conto do vigário" do qual a maioria é vítima.
É bem verdade que a soja vem da Ásia, mais especificamente da China. Porém, os chineses só consumiam produtos FERMENTADOS de soja, como o shoyu e o missô. Por volta do século 2 A.C., os chineses descobriram um modo de cozinhar os grãos de soja, transfomá-los em um purê e precipitá-lo através de sais de magnésio e cálcio, formando o assim chamado "queijo de soja" ou tofu. O uso destes alimentos derivados de soja se espalhou pelo oriente, especialmente no Japão. O uso de "queijo de soja" como fonte de proteína data do século 8 da era cristã (Katz, Solomon H "Food and Biocultural Evolution A Model for the Investigation of Modern Nutritional Problems", Nutritional Anthropology, Alan R. Liss Inc., 1987 pág. 50).
Não é à toa que os antigos chineses não se alimentavam do grão de soja. Hoje a ciência sabe que ela contém uma série de substâncias que podem ser prejudiciais à saúde, e que recebem o nome de antinutrientes.
Um destes antinutrientes é um inibidor da enzima tripsina, produzida pelo pâncreas e necessária à boa digestão de proteínas. Os inibidores da tripsina não são neutralizados pelo cozimento. Com a redução da digestão das proteínas, o caminho fica aberto para uma série de deficiências na captação de aminoácidos pelo organismo. Animais de laboratório desenvolvem aumento no tamanho do pâncreas e até câncer nessa glândula, quando em dietas ricas submetidos a inibidores da enzima tripsina.
Uma pessoa que não absorve corretamente os aminoácidos, tem o seu crescimento e desenvolvimento prejudicado. Você já notou que os japoneses são, normalmente, mais baixinhos? Já os descendentes que vivem em outros países e adotam as dietas desses países, costumam ter uma estatura maior que a média no Japão. (Wills MR et al Phytic Acid and Nutritional Rickets in Immigrants. The Lancet, 8 de abril de 1972, páginas 771-773).
O efeito inibitório da absorção de aminoácidos pode comprometer a fabricação de inúmeras substâncias formadas a partir dos mesmos, entre os quais, os neurotransmissores. A enxaqueca, a cefaléia em salvas, a cefaléia do tipo tensional, e outras dores de cabeça, além de depressão, ansiedade, pânico e fibromialgia, são causadas por um desequilíbrio dos neurotransmissores. Qualquer fator que prejudique a sua fabricação, pode aumentar ou perpetuar esse desequilíbrio.
A soja contém também uma substância chamada hemaglutinina, que pode aumentar a viscosidade do sangue e facilitar a sua coagulação. Portadores de enxaqueca já sofrem de um aumento na tendência de coagulação do sangue e uma propensão maior a acidentes vasculares. A pior coisa para esses indivíduos é ingerir substâncias que agravam essa tendência.
Tanto a tripsina, quanto a hemaglutinina e os fitatos, que mencionaremos a seguir, são neutralizados totalmente pelo processo de fermentação natural da soja na fabricação de shoyu e missô, e parcialmente durante a fabricação de tofu.
Os fitatos, ou ácido fítico, são substâncias presentes não apenas na soja, mas em todas as sementes, e que bloqueiam a absorção de uma série de substâncias essenciais ao organismo, como o cálcio (osteoporose), ferro (anemia), magnésio (dor crônica) e zinco (inteligência).

Você não sabia de nada disso?

Já os fitatos da soja não são reduzidos por essas técnicas simples, requerendo para isso um processo bem longo (muitos meses, no mínimo) de fermentação. O tofu, que passa por um processo de precipitação, não tem os seus fitatos totalmente neutralizados.
Interessantemente, se produtos como o tofu forem consumidos com carne, ocorre uma redução dos efeitos inibidores dos fitatos. (Sandstrom B et al Effect of protein level and protein source on zinc absorption in humans. J Nutr volume 119 número 1, páginas 48-53; Tait S et al, The availability of minerals in food, with particular reference to iron J R Soc Health, volume 103 número 2, páginas 74-77).
Mas geralmente, os maiores consumidores de tofu são vegetarianos que pretendem consumi-lo em lugar da carne!

O resultado?

Deficiências nutricionais que podem levar a doenças como dores crônicas, como dor de cabeça e fibromialgia. O zinco e o magnésio são necessários para o bom funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. O zinco, em particular, está envolvido na produção de colágeno, na fabricação de proteínas e no controle dos níveis de açúcar no sangue, além de ser um componente de várias enzimas e ser essencial para o nosso sistema de defesas. Os fitatos da soja prejudicam a abosrção do zinco mais do que qualquer outra substância. (Leviton, Richard Tofu, Tempeh, Miso and Other Soyfoods The "Food of the Future" - How to Enjoy Its Spectacular Health Benefits, Keats Publishing Inc, New Canaan, CT, 1982, páginas 14-15).
Por conta da tradição oriental, indústria da soja conseguiu inseri-la num patamar de "alimento saudável", sem colesterol e vem desenvolvendo um mercado consumidor cada vez mais vegetariano. Infelizmente, ouvimos médicos e nutricionistas desinformados, ou melhor, mal informados por publicações pseudo-científicas patrocinadas e divulgadas pela indústria da soja, fornecendo conselhos, em programas de TV em rede nacional, no sentido de consumi-la na forma de leite de soja (até para bebês!!), carne de soja, iogurte de soja, farinha de soja, sorvete de soja, queijo de soja, óleo de soja, lecitina de soja, proteína texturizada de soja, e a maior sensação do momento, comprimidos de isoflavonas de soja, sobre a qual comentarei mais adiante neste livro. A divulgação, na grande mídia, destes produtos de paladar no mínimo duvidoso, como sendo saudáveis, tem resultado em uma aceitação cada vez maior dos mesmos por parte da população.
Que prejuízo! (Não para a indústria, é claro).

Sabe como se faz leite de soja?
Primeiro, deixa-se de molho os grãos em uma solução alcalina, de modo a tentar neutralizar ao máximo (mas não totalmente) os inibidores da tripsina. Depois, essa pasta passa por um aquecimento a mais de 100 graus, sob pressão. Esse processo neutraliza grande parte (mas não a totalidade) dos antinutrientes, mas em troca, danifica a estrutura das proteínas, tornando-as desnaturadas, de difícil digestão. (Wallace GM Studies on the Processing and Properties of Soymilk. J Sci Fd Agric volume 22, páginas 526-535). Além disso, os fitatos remanescentes são suficientes para impedir a absorção de nutrientes essenciais.
A propósito, aquela tal solução alcalina onde a soja fica de molho é a base de n-hexano, nada mais que um solvente derivado do petróleo, cujos traços ainda podem ser encontrados no produto final, que vai para a sua mesa, e que pode gerar o aparecimento de outras substâncias cancerígenas. Este n-hexano eduz, também, a concentração de um aminoácido importante, a cistina. (Berk Z Technology of production of edible flours and protein products from soybeans. FAO Agricultural Services Bulletin 97, Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas, página 85, 1992). Felizmente, a cistina se encontra abundante na carne, ovos e iogurte integral - alimentos estes normalmente evitados pelos consumidores de leite de soja.

Mas como? A soja não é saudável? Não é isso que dizem os médicos e nutricionistas?

Infelizmente, a culpa não é deles, e sim do jogo de desinformação que interessa à toda a indústria alimentícia. A alimentação, assim como a saúde, é um grande negócio. Dois terços de todos os alimentos processados industrialmente, contêm algum derivado da soja em sua composição. É só conferir os rótulos. A lecitina de soja atua como emulsificante. A farinha de soja aumenta a "vida de prateleira" de uma série de produtos. O óleo de soja é usado amplamente pela indústria de alimentos. A indústria da soja é enorme e poderosa.


Agradecimentos especiais a comunidade do orkut: suplementação.